segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Alimentos Orgânicos não são mais saudáveis que os transgênicos

Há algum tempo foi publicado aqui um artigo meu que falava sobre uma extensa pesquisa britânica, que comprovava o que já se desconfiava: não há qualquer vantagem em consumirmos alimentos orgânicos, aqueles ditos “naturais” e que não fazem uso de agrotóxicos industrializados em seu cultivo. A pesquisa mostra uma coletânea de estudos e levantamentos mostrando que esses alimentos não são mais saudáveis como tentam nos passar seus produtores. As frutas e legumes são menores, têm um custo de produção maior por causa da maior perda e possuem as mesmas concentrações de micronutrientes por peso. Por outro lado, são bem mais caros e com uma margem de lucro bem maior aos produtores.

Outro argumento usado pelos defensores desse tipo de alimento é que eles geralmente são produzidos mais próximos às cidades dos maiores consumidores e isso faria com que utilizassem menor consumo de combustível fóssil, sendo assim, benéfico à natureza e ao ecossistema. Hoje se sabe que a distância do produtor ao consumidor por si só não diz nada, porque o transporte em larga escala pode ser muito mais eficiente que os dos pequenos produtores. Além disso, alimentos produzidos em países pobres podem ter maior efeito positivo na economia de nações pobres do que em nações européias, por exemplo. Ou seja, não quero advogar em favor dos alimentos não-orgânicos, mas é bom ter claro que suas vantagens propagadas simplesmente não existem.

Outra categoria patrulhada é a dos alimentos geneticamente modificados (AGM), ou também chamados transgênicos. Esse tipo de alimento é consumido desde a década de 1970 e, apesar de incessantes pesquisas por produtores e combatentes do modelo, não há qualquer evidência que condene seu uso por alguma ação nociva à saúde de homens, animais e natureza. Seu uso é seguro e feito em maior escala do que você pode imaginar antes do nome “transgênico” tomar as páginas dos jornais e revistas.

Alimentos naturais - Há uma confusão por parte do consumidor leigo, que atribui à palavra “natural” algo intrinsecamente bom para sua saúde ou benéfico ao planeta. Alguns elementos radioativos são naturais e ninguém os quer nos alimentos. Muitas plantas são naturais e letais. Os exemplos não acabam.

Esses tipos de alimentos estão nos supermercados sem que saibamos ao certo e não há consequências negativas por causa disso. Para se ter uma ideia, cerca de 90% da soja e 80% do milho nas prateleiras americanas são transgênicos. No Brasil, não tenho dados atuais, mas a porcentagem é bem grande para o milho, por exemplo. O problema é que recentemente começou-se uma caçada perigosa a esse alimento e uma estratégia baixa usada pelos combatentes é de querer exigir por lei uma nomenclatura toda técnica nas embalagens. Acontece que o consumidor leigo também ficaria temeroso se soubesse os nomes dos processos de pasteurização do leite, por exemplo.

A decisão do que é bom ou ruim à saúde tem que ser técnica, não ideológica. O que não falta em alimentos orgânicos e transgênicos são pesquisas mostrando que eles são exatamente iguais e seguros como os demais. Assim como você não precisa temer consumir alimentos cultivados com agrotóxicos, você pode estar certo que pesquisas mostram que os alimentos geneticamente modificados vieram para ficar por serem mais baratos e possibilitarem maiores colheitas. O melhor que você pode fazer à sua saúde não está no tipo de plantio, mas naquilo que você ingere (seja ele transgênico ou não) ao longo dos anos.

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