Há algum tempo foi publicado aqui um artigo meu que falava sobre uma
extensa pesquisa britânica, que comprovava o que já se desconfiava: não
há qualquer vantagem
em consumirmos alimentos orgânicos, aqueles ditos “naturais” e que não
fazem uso de agrotóxicos industrializados em seu cultivo. A pesquisa
mostra uma coletânea de estudos e levantamentos mostrando que esses
alimentos não são mais saudáveis como tentam nos passar seus produtores.
As frutas e legumes são menores, têm um custo de produção maior por
causa da maior perda e possuem as mesmas concentrações de
micronutrientes por peso. Por outro lado, são bem mais caros e com uma
margem de lucro bem maior aos produtores.
Outro argumento usado pelos defensores desse tipo de alimento é que eles
geralmente são produzidos mais próximos às cidades dos maiores
consumidores e isso faria com que utilizassem menor consumo de
combustível fóssil, sendo assim, benéfico à natureza e ao ecossistema.
Hoje se sabe que a distância do produtor ao consumidor por si só não diz
nada, porque o transporte em larga escala pode ser muito mais eficiente
que os dos pequenos produtores. Além disso, alimentos produzidos em
países pobres podem ter maior efeito positivo na economia de nações
pobres do que em nações européias, por exemplo. Ou seja, não quero
advogar em favor dos alimentos não-orgânicos, mas é bom ter claro que
suas vantagens propagadas simplesmente não existem.
Outra categoria patrulhada é a dos alimentos geneticamente modificados
(AGM), ou também chamados transgênicos. Esse tipo de alimento é
consumido desde a década de 1970 e, apesar de incessantes pesquisas por
produtores e combatentes do modelo, não há qualquer evidência que
condene seu uso por alguma ação nociva à saúde de homens, animais e
natureza. Seu uso é seguro e feito em maior escala do que você pode
imaginar antes do nome “transgênico” tomar as páginas dos jornais e
revistas.
Alimentos naturais - Há uma confusão por parte do consumidor
leigo, que atribui à palavra “natural” algo intrinsecamente bom para sua
saúde ou benéfico ao planeta. Alguns elementos radioativos são naturais
e ninguém os quer nos alimentos. Muitas plantas são naturais e letais.
Os exemplos não acabam.
Esses tipos de alimentos estão nos supermercados sem que saibamos ao
certo e não há consequências negativas por causa disso. Para se ter uma
ideia, cerca de 90% da soja e 80% do milho nas prateleiras americanas
são transgênicos. No Brasil, não tenho dados atuais, mas a porcentagem é
bem grande para o milho, por exemplo. O problema é que recentemente
começou-se uma caçada perigosa a esse alimento e uma estratégia baixa
usada pelos combatentes é de querer exigir por lei uma nomenclatura toda
técnica nas embalagens. Acontece que o consumidor leigo também ficaria
temeroso se soubesse os nomes dos processos de pasteurização do leite,
por exemplo.
A decisão do que é bom ou ruim à saúde tem que ser técnica, não
ideológica. O que não falta em alimentos orgânicos e transgênicos são
pesquisas mostrando que eles são exatamente iguais e seguros como os
demais. Assim como você não precisa temer consumir alimentos cultivados
com agrotóxicos, você pode estar certo que pesquisas mostram que os
alimentos geneticamente modificados vieram para ficar por serem mais
baratos e possibilitarem maiores colheitas. O melhor que você pode fazer
à sua saúde não está no tipo de plantio, mas naquilo que você ingere
(seja ele transgênico ou não) ao longo dos anos.
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